Você já pensou em mudar de carreira? Já teve esse desejo em algum momento profissional, mas não soube como dar prosseguimento a isso ou mesmo teve receio de se arrepender?
Caso você tenha dito “sim” a alguma das perguntas acima, recomendamos fortemente que leia este artigo. O pessoal da Revista HSM Management entrevistou Elias Awad, que já experimentou mais de uma grande mudança profissional em sua vida, e você vê o resultado agora:
Logo jovem, Elias iniciou uma promissora carreira na Votorantim, uma das maiores empresas do Brasil. Contudo, após alguns anos, se viu insatisfeito e mudou radicalmente sua trajetória profissional ao migrar para o jornalismo esportivo.bbbb
Na mídia do esporte, se tornou nome consagrado, tornando-se um dos principais repórteres da Band. Contudo, após quase duas décadas sentiu que seu propósito significava pouco, e mudou de profissão novamente, tornando-se biógrafo. Na atual área, se sente mais uma vez realizado e já escreveu as biografias de grandes nomes, como o atleta Oscar Schmidt e os empresários Samuel Klein, Mário Gazin e Celso Moraes.
Quer entender o que faz alguém ter a coragem de mudar de profissão tantas vezes — e ser bem-sucedido em todas elas? Então leia esta entrevista e inspire-se!

Qual foi o ponto-chave que o fez decidir mudar de carreira?

O que eu sempre busquei na minha vida pessoal e, obviamente, profissional, foi estar feliz, realizado. Ter um motivo para estar fazendo aquilo, para pular da cama e enfrentar o dia. E esse motivo pra mim sempre foi algo chamado felicidade.
Eu iniciei minha carreira profissional estudando Administração e já com 18 anos entrei na Votorantim. E para mim já comecei realizando um sonho, trabalhando para a empresa de um mito como Antônio Ermírio de Moraes, na siderurgia, que é uma área pesada do Brasil, aprendendo e me desenvolvendo.
Eu fiquei dos 18 aos 24 anos na Votorantim, tive seis promoções, mas um dia falei: “meu Deus do céu, mas não foi para isso que eu vim para esse mundo, não vim para vender zinco!”. Eu comecei a perceber que eu não estava mais “acordando o despertador” como sempre aconteceu; o despertador passou a me acordar. E isso para mim foi um indício da falta de felicidade. Eu não estava mais feliz com aquilo. Então, aquele propósito que eu tinha, de desenvolver uma carreira, uma trajetória, de ver que, com aquilo que eu desenvolvia, empresas cresciam, faziam seus produtos, empregavam gente, deixou de existir. Aquele propósito morreu.
Então, ali eu senti a necessidade da primeira mudança. Mesmo estando muito bem posicionado, com uma trajetória executiva muito bem desenhada, que efetivamente me levaria a bons cargos de gestão e liderança, eu abri mão daquilo. E pus na minha cabeça que eu iria fazer o que eu amava, que era trabalhar com esportes como jornalista esportivo.
Imagina? Eu tinha muito a perder, mas também tinha muito a conquistar. E nesse momento a linha é muito tênue, pois se você for pela racionalidade, segue o mesmo caminho da maioria das pessoas, que é o caminho da mesmice, do fazer sem propósito.
Então eu optei por voltar pro final da fila, mas em algo que eu tinha certeza que iria me levar a realizar a felicidade. E assim foi! Tudo aconteceu muito rápido na minha vida. Imediatamente comecei a desenvolver uma revista de esportes que se tornou uma referência, passei pelas rádios Eldorado e Gazeta, e então entrei na TV Bandeirantes para trabalhar com meu maior ídolo no jornalismo esportivo, que era o Luciano do Valle. Então aquilo pra mim foi a grande realização de um sonho, que perdurou por quase 20 anos.

Elias Awad jornalista: mudar de carreira
Cobertura pela Band da Copa da França, em 1998

Até que um dia, depois de cobrir Copas, Olimpíadas, de entrevistar os grandes gênios do esporte, aquele sentimento de viver um dia a menos, e não um dia a mais, voltou. O despertador voltou a me acordar. Então eu comecei a entender que aquilo que eu fazia não tinha propósito nenhum. E daí que o Corinthians ganhou, que o Palmeiras perdeu, que vai jogar o João no lugar do Pedro? O que aquilo está efetivamente mudando na vida das pessoas, agregando a elas?
Então eu senti uma necessidade forte de uma mudança e, por um maravilhoso acaso (as pessoas morrem de medo de mudanças, de acasos, mas eu acho maravilhoso, pois eles te redirecionam para um outro caminho, uma outra situação, te fazem enxergar algo que ninguém tinha visto), eu estreei na carreira de biógrafo na área empresarial e tudo passou a fazer sentido na minha vida.
Elias Awad biógrafo: mudar de carreira
Elias Awad com dr. Aroldo Gallassini, biografado e presidente da COAMO

Então, o que motivou todo esse processo de mudança é algo chamado felicidade. E eu posso dizer que há 15 anos eu estou nessa carreira de biógrafo e há 15 anos eu não trabalho. Eu vivo intensamente o meu dia pois eu aprendo, eu conheço pessoas, eu me reinvento. Então a felicidade foi a grande busca na minha trajetória.

Qual seria o primeiro passo que as pessoas deveriam dar para saber se devem mesmo buscar novos desafios, ou se devem tentar mudar algo dentro de sua realidade atual?

Eu entendo que a certeza absoluta sempre acaba ficando ameaçada quando você coloca aquilo que você tem nas mãos, aquilo que você conquistou e aquilo que você busca. Se efetivamente a felicidade não está presente em sua vida, então o primeiro passo é reconhecer isso.
Um caso sobre isso: outro dia encontrei um amigo que não via há algum tempo, diretor comercial de uma grande construtora. Ele estava me contando dos três filhos dele.
Sobre o mais velho: “Ah, ele é pós-doc disso, daquilo, esteve um período fora do país, o menino é um gênio!”. Rasgou elogios ao mais velho.
Sobre a do meio: “Advogada espetacular, uma carreira brilhante, não tem tempo pra nada”. Também elogiou demais a filha.
Já sobre o mais novo, fazendo uma cara quase de tristeza: “O mais novo… Estava na área de Marketing, muito bem posicionado numa agência, e sabe o que ele fez? Largou tudo, montou uma agência de turismo ecológico e agora fica viajando por aí!”. Ao dizer isso, eu respondi: “certamente é o que está mais feliz”. Os olhos do meu amigo se arregalaram e ele perguntou: “mas como você sabe?”.
Isso estava muito claro para mim, pois ele abriu mão do que para o meu amigo era uma grande conquista, que podia contar com orgulho que seu filho era um grande executivo em uma agência, para fazer aquilo que ele ama. Então efetivamente ele está mais feliz. E vai ter sucesso, pois o sucesso não resiste à felicidade; ele se rende à felicidade. Talvez os outros dois filhos dele, o de sucesso acadêmico e a advogada brilhante, estejam ali apenas “batendo o cartão” e vivendo um dia a menos, e não um dia a mais. O mais novo, que está se metendo aí pelas montanhas afora, certamente está vivendo um dia a mais. E com um propósito muito bacana de levar alegria, divertimento, amizade, para as pessoas.

Elias Awad e Oscar Schimidt: mudar de carreira
Lançamento do livro de Elias Awad sobre a trajetória de Oscar Schmidt: “14 motivos para viver, vencer e ser feliz”

Não pode ter medo e tem que ter atitude e, principalmente, convicção. Citando o Oscar Schimidt em sua biografia, se toda vez que ele colocasse aquela bola de três pontos atrás da cabeça, mirasse na cesta e soltasse o braço, ele pensasse na possibilidade de errar, certamente ele não chegaria a quase 50 mil pontos. Então ele foi o maior cestinha do planeta justamente pela convicção de estar fazendo a coisa certa.

Se você pudesse dar três conselhos para alguém que já sabe que quer mudar de carreira porque não está se sentindo realizado, mas não consegue criar a coragem necessária, quais seriam?

Convença a você mesmo, e ninguém mais

Esteja convicto daquilo que você quer, pois muitas vezes as pessoas podem te dar opiniões contrárias àquilo que você almeja. Mas, se você está decidido, se cerque de informações, pese tudo que está envolvido nessa grande decisão que você irá tomar e, a partir do momento que você e apenas você se decidir, ela estará tomada.
Obviamente conselhos são importantes, então é bom ouvir, até porque muitas vezes um conselho contrário te estimula ainda mais a tomar aquela decisão. No esporte, por exemplo, eu vivi muito isso. Eu cansei de ver técnicos que, ou por falta ou por excesso de preparação, de conhecer bem o time e os profissionais que eles comandavam, falavam assim para um de seus jogadores: “você não serve pra nada, você não vai fazer gol hoje!”. Resultado? O jogador fazia três gols no jogo. Por que isso acontecia? Porque mexia com o brio do atleta. E efetivamente há profissionais em todas as áreas que reagem melhor sob pressão. A partir do momento em que eles são questionados, provocados, eles crescem.
Então convença a si mesmo. Não queira convencer ninguém mais de que você está certo da decisão que irá tomar.

Busque a felicidade

Coloque tudo na balança. Coloque perdas e ganhos, mas preze sempre pela felicidade. A felicidade é aquele pesinho a mais na balança, aquele fiel da balança, que irá pender para o lado da decisão, que deve sempre ser favorável em benefício daquela pessoa que irá tomar uma atitude.

Crie o seu propósito de vida

O que eu faço muda em quê a vida das pessoas? Ou, usando a definição do conceito de ikigai (palavra japonesa que se traduz como “a razão de ser” ou “aqueles objetivos de vida que nos fazem levantar todas as manhãs”), que está tão em voga ultimamente, “como eu consigo ganhar dinheiro com aquilo que eu faço?” O dinheiro não pode ser o objetivo principal da mudança, mas ele efetivamente é um resultado daquilo que você vai fazer. Se você fizer com competência, capacidade, amor, entrega, conteúdo, o sucesso certamente se rende a isso.
Então, eu acredito que a definição de um propósito que efetivamente vá transformar, vá mudar, vá inspirar pessoas, é decisivo também para que você tome essa decisão da mudança com mais segurança, com mais tranquilidade, com mais convicção.
Esperamos que essa entrevista tenha te inspirado a também buscar a felicidade! Seja na sua atual profissão, seja em outra. Para mais conteúdos inspiradores sobre carreira, gestão e negócios, acesse o nosso blog!
Ah, e caso você queira entrar em contato com o Elias, pode enviar um e-mail para [email protected] ou acessar eliasawad.com.br.


Equipe Revista HSM Management
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