Sobre como conscientizamos Blip — empresa majoritariamente masculina — em prol do feminismo no mês da mulher.
Se existe um consenso entre minhas colegas de trabalho é o de que ainda temos muito o que caminhar em termos de igualdade de gênero. Só na tecnologia representamos apenas 5% dos cargos de liderança, segundo a Business Insider. Apesar do feminismo estar cada vez mais em pauta na mídia, vivemos em ambientes corporativos nos quais ainda somos constantemente subjugadas, oprimidas e invalidadas pela supremacia masculina.
Feminismo é um assunto muitas vezes desconfortável, principalmente quando nos reconhecemos no lado opressor.
Aqui entra um ponto-chave: Estamos inseridos em uma sociedade machista, portanto, todas as pessoas nascem machistas. A desconstrução diária cabe a nós.
Em março, o mês da mulher, o comitê feminino se desafiou a criar uma nova fórmula de conscientização dentro da empresa. Entendemos a importância do momento para abrir a discussão e o trabalho de conscientização em Blip. Provocamos, questionamos, elucidamos e debatemos. E essas foram as 5 ações essenciais para nosso mês da mulher que geraram mais repercussões positivas:
Ações do Mês da Mulher em Blip
1. Postagens em nossa ferramenta de comunicação oficial: Workplace
Para começar a discussão sobre o feminismo, publicamos uma série de 4 posts, organizados pela Helane Oliveira (Head de Service Desk), com os seguintes temas:
15.03 – Mansplaining (por eu mesma haha):
“(…) é quando o homem assume a postura de professor e começa a ensinar ou explicar algo que a mulher já sabe, pelo simples fato de querer acentuar (mesmo que inconscientemente) a falsa ideia de “superioridade” ou por prejulgar que, por ser mulher, ela provavelmente desconhece o assunto (…)”.
19.03 – Sororidade (por Ana Paula Panicali, CSM):
“(…) é um termo derivado do inglês, com junção das palavras man (homem) e interrupting (interrupção). É utilizado para caracterizar situações em que um homem interrompe uma mulher de forma desnecessária, conscientemente ou não (…)”.
22.03 – Estereótipos em produtos digitais (por Bianca Pinheiro, UX Designer):
“(…) para nossa reflexão, até que ponto estamos refletindo estes preconceitos nas personas de nossos contatos inteligentes? O quanto estamos repetindo nossos critérios de marginalização e enviesando nossos algoritmos reproduzindo o sexismo da sociedade e o papel da mulher como à serviço de tarefas menos importantes? (…)”.
26.03 – Bropriating (por Analu Lima):
“(…) se refere à qualquer situação em que um homem se aproprie das ideias e falas de uma mulher e leve todo o crédito por isso. O bropriating é mais um tipo velado de violência psicológica contra a mulher (…)”.
2. Rosas para os homens no dia 8 de março
A Aline Guimarães (CSM), a Fefa Soares (CSM) e a Vivi Abreu (DP) foram responsáveis pela organização dessa ação. Distribuímos rosas aos homens da empresa com o seguinte recado:
“Não queremos rosas no dia 08 de março, queremos respeito no ambiente de trabalho e em todos os dias do ano:
Queremos que você ouça sem nos interromper.
Queremos ter nossas ideias respeitadas e atribuídas a nós.
Queremos que você não assuma que qualquer sentimento é TPM.
Queremos que não conte quem somos, o que fazemos e queremos.
O que você já fez hoje para diminuir a diferença de gênero?”
O Instagram ficou todo florido 😀
3. Lideranças femininas puxando a roda de debate
Keyla Macharet (Product Manager), Regina Soares (Delivery Manager) e Helane Oliveira (Head de Service Desk) são líderes que fizeram carreira em Blip e puderam presenciar o quanto evoluímos nos últimos anos.
Nesse debate, elas compartilharam um pouquinho da sua vivência, seus ensinamentos e desafios, ainda diários. Foi um momento de muita sororidade para todas as presentes! <3
4. Camisa: “The present is female”
Sem a ajuda da Nayara Aquino (Administrativo), a Amanda Alves (Vendas) e a Andressa Cruz (Dev da Plataforma), a organização e entrega das camisetas não teria sido possível! Vestimos a camiseta, bradamos nosso grito de guerra e registramos o momento — que é a capa deste post — em nosso evento de palestras mensal: o Take.Talks.
5. Eventos temáticos: Escola Take e Take.Talks
A Escola Take já nasceu com o intuito de transmitir nossos conhecimentos práticos a mulheres interessadas em tecnologia, ampliando o acesso à informação. Nessa versão, repetimos a dose e tivemos 2 dias e 4 palestras sensacionais sobre:
- Segurança da informação (Samantha)
- Data e negócios (Luiza Melo)
- QA (Bianca Torres)
- UX Design (Bianca Pinheiro)
- Inteligência artificial (Lívia Almeida)
O Take.Talks, meetup que ocorre todo mês na empresa, também abriu espaço de fala para duas mulheres inspiradoras: Nathalia Oliveira (Marketing) e Bianca Pinheiro, que falaram respectivamente sobre a experiência de viajar sozinha para a África do Sul e sobre como dar um Pitch perfeito.
Depois de tudo, a repercussão
Já deu pra entender a quantidade de envolvidas no mês da mulher, né? E como ficaram os homens nessa história toda? Podemos afirmar com certeza absoluta que a repercussão foi muito positiva e os efeitos maiores do que esperávamos.
Os posts geraram debate e reflexão de muitos colegas. Os que se reconheceram nos exemplos se incomodaram e questionaram. Os que se conscientizaram, partiram para a ação — agora, é muito mais comum termos o apoio de um homem quando sofremos mansplaining, manterrupting ou qualquer outra situação de machismo. Assim como vários passaram a prestar mais atenção em seus atos, se desculpar pelo presente e pelo que fizeram no passado.
Por fim, continuamos caminhando juntos e na luta!
Obrigada a todas as pessoas envolvidas, em especial às minhas colegas guerreiras. Vocês são nossas maiores inspirações.
Fabiana Kauder
UI Designer da plataforma Blip em Blip